Foram quase dois meses e meio de disputa com 96 jogos e 253 gols marcados (média de 2,64 por partida). Desde o começo do torneio houve momentos de glória, superação, surpresa, emoção e decepção, como toda grande competição deve ter. Dezesseis clubes seguem adiante: cinco brasileiros, três argentinos, dois chilenos, dois equatorianos, um colombiano, um boliviano, um paraguaio e um mexicano. Por tudo isso vale a pena dar uma olhada no que de melhor ocorreu nesta fase de grupos:
Grupo 1
Equipes: Santos, Internacional, The Strongest (BOL) e Juan Aurich (PER)
Classificados: Santos e Internacional
O cara do grupo: Neymar com seus golaços - dois deles contra o Inter- e atuações cada vez melhores com a camisa do Santos
A decepção: O Internacional, que mesmo com seu elenco de alto nível não chegou a 45% de aproveitamento e que só se classificou porque os adversários eram bem piores
Começou com um susto na vitória do The Strongest por 2 a 1 contra o Santos... Terminou com outro, com o Juan Aurich batendo o Internacional e deixando o Colorado em risco de sequer passar da fase de grupos. Mesmo assim o grupo 1 se desenrolou conforme o previsto, com o Peixe sendo o vencedor na disputa entre os dois brasileiros pelo primeiro posto. Os jogos entre Santos e Inter, aliás, foram os melhores da chave e mostraram um Neymar inspiradíssimo e um Muriel em noite gloriosa. O The Strongest até colocou algum fogo na disputa, mas a derrota para o Juan Aurich fora de casa acabou com os anseios bolivianos. O time do Peru, por outro lado, se motivou quando já não tinha mais chances e ainda terminou a campanha com seis pontos.
Grupo 2
Equipes: Flamengo, Olimpia (PAR), Lanús (ARG) e Emelec (EQU)
Classificados: Lanús e Emelec
O cara do grupo: José Luis Quiñonez. O zagueiro do Emelec nunca teve tanto destaque por suas características defensivas, mas seu gol aos 47 do segundo tempo contra o Olimpia na vitória épica por 3 a 2, em pleno Defensores del Chaco, será lembrado por muito tempo.
A decepção: Não pode ser outra. Pelo elenco, pelos recursos, pela tradição e por ter um jogador que um dia foi o melhor do mundo o Flamengo foi a grande frustração do grupo 2.
Quem olhou para a tradição e conhece os elencos dos quatro clubes do grupo 2 certamente cravou: Flamengo e Olimpia passarão de fase. Pois é... Ocorreu o inverso. Com um futebol pífio, os cariocas foram justamente eliminados e com “direito” a requintes de crueldade: uma vez mais no final de um jogo. O Olimpia, por sua vez, parecia que ia fazer uma Libertadores digna de seu retorno à competição após oito anos de ausência... Que nada. O 6 a 0 do Lanús e a pane em pleno Defensores del Chaco no confronto decisivo contra o Emelec mostraram que o Decano não estava preparado e, provavelmente, nem interessado em um retorno triunfal. Melhor para as zebras: o Lanús com seus atacantes rápidos e a bola longa e o Emelec com uma garra e entrega dignas de um time enorme.
Grupo 3
Equipes: Junior (COL), Universidad Católica (CHI), Unión Española (CHI) e Bolívar (BOL)
Classificados: Unión Española e Bolívar
O cara do grupo: O técnico argentino Guillermo Hoyos, que transformou o Bolívar de coitadinho do continente a um dos bons times a chegar às oitavas de final.
A decepção: O Junior de Barranquilla, que só conseguiu duas vitórias em seis jogos, sendo uma delas quando vencer já não valia mais nada.
O nivelamento dos quatro times do grupo 3 fez desta uma das chaves mais interessantes da Libertadores. Junior e Universidad Católica tinham sobre si boas expectativas pelo futebol ofensivo e relevância de seus clubes dentro de duas escolas futebolísticas de tradição. Porém, a fase da Católica - péssima desde o primeiro semestre de 2011 - persistiu com atuações fracas e resultados esporádicos, enquanto o Junior não mostrou nada até as duas rodadas finais. O momento ruim abriu espaço para a Unión Española e o Bolívar. Os hispanos foram os mais consistentes da chave. Dirigidos pelo ídolo José Sierra, o 4-3-3 da Unión aliou poder defensivo e ofensivo de maneira competente. Já o Bolívar foi uma grata surpresa. Propondo um futebol ofensivo, de posse de bola e ocupação de espaços, La Academia conseguiu recolocar um time do país nas oitavas da Libertadores após 11 anos.
Grupo 4
Equipes: Fluminense, Boca Juniors (ARG), Arsenal (ARG) e Zamora (VEN)
Classificados: Fluminense e Boca Juniors
O cara do grupo: Wellington Nem, que foi capaz de provar a Muricy Ramalho que existem garotos capazes de jogar bem na Bombonera lotada.
A decepção: O empate do Boca em 0 a 0 com o Zamora, em Barinas. Melhor para os venezuelanos, que somaram seu primeiro - e até aqui único - ponto na história da Libertadores
No grupo 4 os “econômicos” Fluminense e Boca Juniors deram o tom, como já era de se imaginar. Dos argentinos a expectativa era mesmo de um futebol pragmático, com boa defesa e resultados acima de tudo, mas dos brasileiros esperava-se mais. Afinal de contas, um time com meias do calibre de Deco, Thiago Neves e Wagner, atacantes complementares como Fred e Sóbis e ainda jogadores em grande fase e subida de produção, como Wellington Nem, Carlinhos e Bruno, poderia dar mais. Os resultados foram ótimos, mas o futebol... No resto, o Arsenal bem que tentou, mas quase não foi capaz de complicar os adversários, enquanto o Zamora desfrutou da sua primeira experiência em uma Libertadores.
Grupo 5
Equipes: Vasco da Gama, Libertad (PAR), Nacional (URU) e Alianza Lima (PER)
Classificados: Libertad e Vasco
O cara do grupo: Os caras da torcida do Nacional, responsáveis por uma incrível festa no estádio Gran Parque Central, mesmo com a equipe uruguaia eliminada e perdendo o jogo. (veja o vídeo no fim da coluna)
A decepção: A derrota do próprio Nacional para o Alianza Lima. O resultado tirou o Bolso do prumo e minou as chances de classificação.
Um dos grupos da morte do torneio continental deste ano acabou se definindo de uma forma até tranquila. Começou com uma inesperada vitória do Nacional fora de casa contra o Vasco, seguiu com um Alianza Lima muito abaixo da crítica e terminou com os uruguaios sem chances de classificação na rodada decisiva. Sorte do Libertad, que com seu futebol “feio” de duas linhas de quatro imutáveis e muito comprometimento na marcação conseguiu avançar em primeiro. O Vasco, por sua vez, aproveitou as individualidades e seu já consolidado estilo de jogo para vencer os duelos mais complicados. Aos uruguaios, por outro lado, faltou elenco e qualidade para tentar algo, já que depender dos bons momentos de Viudez e entradas de Recoba não é o suficiente para a Libertadores...
Grupo 6
Equipes: Corinthians, Nacional (PAR), Cruz Azul (ÉX) e Deportivo Táchira (VEN)
Classificados: Corinthians e Cruz Azul
O cara do grupo: Tite, que montou o Corinthians mais competitivo dos últimos anos e que a cada jogo esmera e melhora as atuações de seu time
A decepção: O Nacional do Paraguai praticamente desistir da classificação ao levar a segunda partida contra o Corinthians para Ciudad del Este
Sem surpresas na chave 6. O Corinthians passeou com uma dificuldade aqui e outra ali, mas saiu fortalecido da fase de grupos, com um time melhor, mais esperto e consistente do que o de dois meses atrás. Diferentemente dos outros mexicanos, o Cruz Azul levou a disputa sul-americana a sério, conseguindo a classificação e fazendo um confronto equilibrado com o atual campeão brasileiro. Nacional e Táchira foram figurantes. Enquanto dos venezuelanos a expectativa era essa mesmo, uma vez que o clube não vive bom momento e está aquém até mesmo do nível do campeonato de seu país, do Nacional era possível esperar um pouco - bem pouco - mais. Em 2011 os paraguaios tinham um time organizado ao menos, com marcação forte e bola parada razoável. Na Libertadores não mostrou nada...
Grupo 7
Equipes: Vélez Sarsfield (ARG), Chivas Guadalajara (MÉX), Defensor Sporting (URU) e Deportivo Quito (EQU)
Classificados: Vélez e Deportivo Quito
O cara do grupo: Fidel Martínez. Apelidado de “Neymar equatoriano”, o atacante do Deportivo Quito fez grandes jogos e mostrou ter colocado sua carreira no rumo após um início marcado por frustrações no Brasil.
A decepção: O papelão do Chivas Guadalajara, que fez quatro pontos em seis jogos e que tomou 12 gols - 5 deles na goleada sofrida contra o Deportivo Quito
O Vélez de 2011 era melhor, mas a versão deste ano ainda dá um caldo. Sem grandes dificuldades, os argentinos se impuseram quando necessário e garantiram a primeira posição. A derrota para o Defensor, porém, pode deixar o caminho mais complicado. Defensor, aliás, que foi muito bem no torneio, apesar da eliminação. Sem grandes jogadores, os violetas apostaram na força do conjunto e na aplicação tática para chegar muito perto da classificação. A segunda vaga, porém, ficou com o Deportivo Quito, que desde a primeira rodada mostrou ter um time muito bem treinado pelo argentino Carlos Ischia (campeão da Recopa 2008 e do Apertura argentino do mesmo ano com o Boca) e com jogadores de boa qualidade, como Fidel Martínez, Saritama e Alustiza. Não obstante, a equipe ainda contou e conta com a altitude de Quito para aplicar seu futebol de alta velocidade e lançamentos longos. Do Chivas é melhor nem falar nada...
Grupo 8
Equipes: Peñarol (URU), Universidad de Chile (CHI) , Atlético Nacional (COL) e Godoy Cruz (MÉX)
Classificados: Universidad de Chile e Atlético Nacional
O cara do grupo: Dorlan Pabón, artilheiro da Libertadores e ídolo do Nacional de Medellín
A decepção: O Peñarol, que de vice-campeão da Libertadores 2011 se tornou o quinto pior time da fase de grupos do torneio continental em 2012.
O outro grupo da morte da Libertadores fez honra ao título. Os confrontos entre Universidad de Chile, Peñarol, Atlético Nacional e Godoy Cruz reservaram emoções até o final e mostraram ao continente o poder do futebol fora das fronteiras brasileiras. O Atlético Nacional começou irresistível, com vitória por 2 a 0 contra a Universidad de Chile, 4 a 0 sobre o Peñarol e com Macnelly Torres, Pabón e companhia fazendo miséria. Aos poucos La U se encontrou, venceu dois jogos dificílimos contra o Peñarol e no fim conseguiu a primeira posição contra os colombianos. O Godoy Cruz também abrilhantou as coisas, vendendo caro os dois empates contra o time de Medellín - 4 a 4 e 2 a 2 - e a derrota por 1 a 0 para a Universidad de Chile.
Seleção da primeira fase da Libertadores
Corona (Cruz Azul); M.Rodríguez (U.de Chile), Espinoza (D. Quito), Castán (Corinthians) e Mena (U.de Chile); Paulinho (Corinthians) e Díaz (U.de Chile); Neymar (Santos), Macnelly Torres (Atlético Nacional) e Pabón (Atlético Nacional); Herrera (Unión Española).
Os confrontos das oitavas de final e o caminho daqui em diante:
Fluminense-BRA x Internacional-BRA
Corinthians-BRA x Emelec-EQU
Santos-BRA x Bolívar-BOL
Universidad de Chile-CHI x Deportivo Quito-EQU
Libertad-PAR x Cruz Azul-MEX
Vélez Sarsfield-ARG x Atlético Nacional-COL
Lanús-ARG x Vasco-BRA
Unión Española-CHI x Boca Juniors-ARG
Quartas de final:
1. Fluminense/Internacional x Unión Española/Boca Juniors
2. Universidad de Chile/Deportivo Quito x Libertad/Cruz Azul
3. Corinthians/Emelec x Lanús/Vasco
4. Santos/Bolívar x Vélez/At.Nacional
Semifinais:
Vencedor 1 x Vencedor 2
Vencedor 3 x Vencedor 4
Paraguaias
- Rodada dupla do campeonato paraguaio nesta semana. No domingo o Olimpia venceu o Cerro Porteño por 1 a 0 no superclássico e provocou a demissão do técnico Mario Grana. Na quarta-feira o Decano venceu o Sportivo Carapeguá por 3 a 1 e o Cerro ganhou do Sportivo Luqueño por 3 a 0.
- Com os resultados o Olimpia lidera o Apertura com 32 pontos em 12 jogos. O Cerro Porteño é o segundo, com 25. A diferença para os demais é grande. O Libertad é o terceiro com 19 pontos em 11 jogos, enquanto o Guaraní é o quarto, também com 19, mas em 12 partidas.
Chilenas
- No Apertura, a Universidad de Chile manteve sua "racha ganadora" ao vencer a Unión La Calera por 1 a 0 e garantiu classificação aos playoffs com cinco rodadas de antecedência. La U lidera, com 31 pontos em 12 jogos. O O'Higgins perdeu por 2 a 1 para o Huachipato, estacionou nos 25 pontos, mas manteve a segunda posição. O Deportes Iquique é o terceiro, com 22 pontos, após triunfo por 1 a 0 diante do Cobreloa.
- No grande jogo da rodada, Colo Colo e Universidad Católica empataram em 1 a 1. Milar marcou para o Cacique e Rios fez o gol da Católica. O resultado deixou La UC na sétima posição, com 19 pontos e o Colo Colo no nono lugar - fora da zona de playoffs - com 16.
- Além de U.de Chile, O'Higgins, Deportes Iquique e Universidad Católica, completam os oito primeiros que hoje estariam classificados às quartas de final: Huachipato, Unión Española, Santiago Wanderers e Audax Italiano.
Colombianas
- Na Colômbia o Tolima empatou em 1 a 1 com o Millonarios, mas ainda é líder, com 23 pontos em 12 jogos. Na sequência aparecem Santa Fe, Atlético Huila e La Equidad, todos com 21 pontos. O Santa Fe ganhou da própria Equidad por 1 a 0, enquanto o Huila perdeu por 3 a 1 para o Junior.
- A quinta posição é do Itagüí, com 19 pontos. Deportivo Pasto, Deportivo Cali e Junior completam os oito primeiros.
- A próxima rodada promete: nesta sexta jogam Huila e La Equidad.
- O Once Caldas empatou em 1 a 1 com o Envigado e é o 16º. O Atlético Nacional venceu o Patriotas por 1 a 0 e é o 14º.
Equatorianas
- No Primera Etapa equatoriano o Independiente José Terán manteve a liderança, após vencer o Técnico Universitário por 2 a 0 fora de casa e chegar a 21 pontos em 12 jogos. A LDU ocupa a segunda posição, com 19 pontos, após vencer o Macará por 3 a 0. O Emelec é o terceiro, com 18 pontos em dez jogos depois do empate em 1 a 1 com o Barcelona, no clássico de Guaiaquil.
- Antes do empate com o rival, o Barcelona havia perdido por 3 a 0 para o Deportivo Quito na estreia de Gustavo Costas como novo treinador do clube. Os toreros ocupam a quinta posição. O Deportivo Quito é o oitavo.
Uruguaias
- No Clausura do Uruguai o Liverpool venceu o Rampla Juniors e manteve a liderança, quatro pontos à frente do Defensor Sporting, mas com um jogo a mais - 21 pontos em oito jogos ante 17 pontos em sete partidas. Por causa da Libertadores os violetas não atuaram.
- O Nacional fez 6 a 1 no Cerrito e é o terceiro, com 16 pontos em oito jogos. O Peñarol também folgou e mantém a sexta posição, com 13 pontos em seis jogos.
Peruanas
- A Universidad César Vallejo bateu o José Galvez por 4 a 0 e manteve a liderança do Descentralizado 2012, com 19 pontos em oito jogos. Em segundo lugar aparece o Real Garcilaso, que chegou a 17 pontos depois de vencer o Cobresol por 2 a 0. O Sporting Cristal empatou em 1 a 1 com a Unión Comercio e é o terceiro, com 15 pontos.
- No domingo o Alianza Lima venceu o clássico contra o Universitario por 1 a 0. O resultado tem muito mais valor anímico do que qualquer coisa. O Alianza é o antepenúltimo, com quatro pontos em sete jogos. O Universitario é o penúltimo, também com quatro pontos, mas em oito jogos.
Bolivianas
- Na Bolívia o Blooming perdeu por 2 a 0 para o San Jose e deixou o Aurora, que venceu o Nacional de Potosi por 4 a 0, chegar perto. As equipes tem agora, respectivamente, 30 e 27 pontos em 16 jogos. O San Jose é o terceiro, com 26 pontos.
- O The Strongest fez 3 a 1 no La Paz fora de casa e chegou à oitava posição, com 22 pontos. O Bolívar ficou no 0 a 0 com o Guabirá e é o antepenúltimo, com 19 pontos. Nem um dos dois, no entanto, está ameaçado de rebaixamento, uma vez que o campeonato boliviano adota o critério de média dos últimos campeonatos para decidir quem desce.
Venezuelanas
No Clausura o Deportivo Lara venceu mais uma - 1 a 0 no Yaracuyanos - e manteve a liderança, agora com 30 pontos em 13 jogos. O Mineros venceu o Monaguas por 1 a 0 e segue a equipe rojinegra de perto, com 27 pontos. O Caracas perdeu do Petare e tem agora 23 pontos em 12 jogos.